Responda para mim com sinceridade: você acredita em intuição, no nosso sexto sentido? Todos nós conhecemos pessoas que são “expert” nesse tipo de coisa, e adivinha quem são elas?! As mães. Já notaram isso? E se você é mãe como eu, sabe como isso funciona. Afinal, quem nunca passou por uma situação em que sua mãe disse para não fazer tal coisa porque o coração dela estava dizendo que era melhor. E, quase sempre, quem desobedecia acabava vendo que a mãe estava certa, mesmo sem nenhuma explicação racional para aquilo? Ou se você é mãe, e já sentiu o coração apertado, que seu filho estaria em situação de perigo e pediu que ele não saísse de casa naquele momento. Pois saibam que isso é pura intuição ou nosso sexto sentido!
Então conta para mim: você costuma dar ouvido a essa voz dentro de você dizendo o que fazer em determinados momentos? Por mais que essa sensação não pareça fazer o menor sentido, ela é uma importante ferramenta e parte do nosso organismo, quase um “superpoder”, que nos ajuda mais do que imaginamos.
Mas o que é o sexto sentido?
Instinto, intuição, voz interior, pressentimento, palpite, os nomes são vários para designar a mesma coisa: o sexto sentido. É aquela sensação de que algo deve ser feito ou vai acontecer, que parece surgir em nossa mente, por mais que pareça não ser algo lógico. Mas o fato é que nosso sistema nervoso está atento o tempo todo e é capaz de nos enviar sinais poderosos vindos do nosso Eu Superior. Então, sexto sentido é a forma que nosso Eu Superior se comunica conosco.
Eu Superior?
“Assim como possuímos um Eu que nos distingue de outras pessoas através de nossa personalidade, possuímos também uma identidade superior, um Eu Superior, que nos identifica espiritualmente. Esse outro eu, habita os domínios superiores da espiritualidade.“
O Eu Superior é o que temos de eterno, nossa essência e identidade divina, nossa consciência superior. Ele é mais do que nossa alma, que nosso ego, que nossa individualidade. Ele se encontra em outra vibração e dimensão e está em contato contínuo com o mundo espiritual e é através dele que nos ligamos a essa outra dimensão do ser. É o Eu Superior que diz: “volta, ainda não é sua hora”, em uma experiência de quase morte. E normalmente propõe uma nova tarefa de vida.
Quanto mais pudermos e conseguirmos entrar em contato com nosso Eu Superior, através da elevação de nossa vibração, mais nossa consciência espiritual será elevada. Ou seja, mais aperfeiçoaremos nossas vidas nos domínios físicos e espirituais. Aproximar nosso ser espiritual do nosso ser físico, purifica e equilibra nossa vida na Terra. Vamos lembrar que vivemos na Terra, um planeta material, no qual nosso processo evolutivo consiste em dominar a matéria. Estamos na Terra para vivermos uma vida física. Somente quando tivermos terminado nossas lições por aqui é que nossos espíritos estarão livres deste corpo físico que trazemos conosco. Portanto, devemos nos elevar para manifestarmos nossa plenitude como seres espirituais aqui na Terra, pelo menos até nossa partida.
Podemos desenvolver o contato com nosso Eu Superior através da meditação, de rituais espirituais, mas devemos continuar ligados à Terra. Devemos incorporar nosso Eu Superior em nosso corpo físico e receber as vibrações mais elevadas do mundo espiritual. E dessa maneira, quando nos tornamos equilibrados, estáveis e integrados neste mundo, no corpo físico, no mundo mental e emocional, é que vamos conseguir trazer as energias superiores para o plano da matéria.
(fonte: Eunice Ferrari).
Sexto sentido e Ayurveda
No início, no Universo, quando tudo foi criado, só existia o Ether, a vibração divina. E, a partir dela, foram surgindo os outros elementos que compõem tudo que existe em nosso planeta. Assim surgiram os elementos ar, fogo, água e a terra, nessa sequência. E ao passo que eles surgiam, mantinham em si a energia do elemento anterior que os resultou.
O Ayurveda classifica nosso biotipo energético, Prakrit dosha, através das energias dos cinco elementos combinados, sendo o dosha Vata a combinação dos elementos energéticos do Ether e do ar; Pitta dos elementos do fogo e da água; e Kapha água e terra. Quando começamos nossa jornada no Ayurveda, muitas vezes não atentamos que essa jornada não é apenas uma jornada alimentar. Pode até ser se, você assim preferir, mas essa jornada oferece muito mais conhecimento que a simples combinação de alimentos. O Ayurveda é uma ciência completa para evolução do nosso corpo físico, emocional e espiritual.
Quanto mais nos conectarmos com nosso sexto sentido, mais fácil será nossa relação com nossa alimentação ayurvédica. “Como assim?”, você deve estar se perguntando. Deixa-me explicar melhor…
A alimentação ayurvédica observa o Virya, que é o potencial energético dos alimentos. Aquelas listas de alimentos indicados para cada dosha, resumidamente, observam se a energia do alimento é fria ou quente. Quanto mais nos conectarmos com nosso Eu Superior, mais fácil e intuitivo é o reconhecimento da energia dos alimentos. Sim, é preciso praticar, treinar bastante, mas esse é nosso objetivo aqui na Terra! Nos aproximarmos da nossa essência através do Sentir.
Sentir com S maiúsculo
O Sentir é a forma que nosso Eu Superior se comunica conosco. É o sentimento mais puro e genuíno que vem do nosso coração, da nossa essência divina manifestada em nossa mente. Livre do Ego. É o sexto sentido na sua essência.
Como treinar o seu Sentir?
Como já disse acima, uma maneira de se aproximar do seu Eu Superior é através da meditação. A meditação sutiliza nosso ser, ampliando nossa percepção do Todo. Meditar é o momento silencioso que nos dita o que precisamos entender. (Meditar = Me+ditar o que entender ou fazer) Quem dita? Nosso Eu Superior, conectado com o Criador. Meditar é uma arma poderosa para manter os doshas equilibrados diariamente, independente da alimentação.
Criar momentos de contemplação à Natureza nos reconectam com nossa essência divina. E o Ayurveda é sobre reconectar com a Natureza e nossa própria natureza. Que tal começar a contemplar o silêncio das manhãs? Ou a força da chuva ou o ritmo do mar? Que tal começar a sentir os alimentos? Da próxima vez que comer uma fruta, tente identificar seus sabores, se está doce, azeda, amarga, adstringente, levemente picante ou salgada. E depois, tente observar seu efeito pós digestivo, se foi bom para seu dosha, se aqueceu ou resfriou seu organismo.
Existe energia em tudo! Em nós, na Natureza, nos alimentos… E é isso que eu ensino também no meu curso Guia Definitivo de Alimentação Ayurvédica. Aspectos energéticos, que raramente as pessoas observam aqui no Ocidente e que são essenciais nessa jornada. Existem estudos científicos que levantam a hipótese de que a intuição está ligada à relação entre o hipocampo cerebral e o nosso sistema digestivo. Ora, se nossa mente e imunidade estão diretamente ligadas à nossa digestão (leia mais aqui), faz todo sentido que a intuição também tenha a ver com essa interligação entre sistemas nervoso e digestivo. Ou seja, mais um motivo para observarmos nosso agni – nosso poder digestivo – e mantê-lo equilibrado.
Motivos que podem estar prejudicando o seu Sentir
Todo ser humano – seja homem, mulher ou criança – tem capacidade de ouvir essa voz interior. Mas é preciso diferenciar a intuição do ego. A primeira é uma sensação que vem de uma conexão com nosso Eu interior. Já a segunda está ligada a sentimentos como vaidade. Seu sexto sentido nunca vai brigar com seu ego. Enquanto a vaidade vai lhe dar mil motivos diferentes para dizer sim ou não a um determinado caminho, sua voz interior vai simplesmente lhe dar uma resposta.
Pois bem, existem muitas formas da intuição se manifestar. Para algumas pessoas é como se fosse uma voz dentro da cabeça delas. Já outras sentem o que elas descrevem como um “aperto” no peito. Há ainda quem sinta como uma sensação estranha no estômago. Por isso, enquanto você estiver treinando esse seu instinto, é importante prestar atenção a quaisquer reações físicas, mentais ou mesmo energéticas logo antes ou logo depois de tomar uma decisão, seguida desses sentimentos.
Entretanto, existem sim alguns fatores que podem diminuir ou até mesmo bloquear sua percepção intuitiva. Geralmente, esses bloqueios são provenientes de traumas, principalmente na infância. Isso porque é comum as pessoas dizerem aos pequenos que eles precisam esconder suas emoções, que não devem ser sensíveis ao que estão sentindo, que não podem fazer isso ou aquilo. E isso já é o primeiro passo para dificultar a conexão de alguém com seu Eu interior e sua percepção intuitiva. Porém, existem alguns outros fatores que também desencadeiam esse bloqueio, tais como:
Você é extremamente racional
Não estou querendo dizer que agir racionalmente seja algo ruim. Na verdade, no mundo em que vivemos precisamos dar voz à razão no nosso dia-a-dia. Mas por mais que o pensamento racional seja importante para lidar com as decisões do trabalho, do cotidiano, é a intuição que vai permitir que você se mantenha conectado consigo mesmo.
Você está sob fortes emoções
Assim como ser extremamente racional pode bloquear nosso sexto sentido, estar em um momento extremamente emotivo pode ter o mesmo efeito. Isso porque tantas sensações podem dificultar você a identificar o que seu sexto sentido está lhe dizendo. Mas calma, eu não quero que você passe a reprimir o que sente! Pelo contrário! Eu quero convidar você a entender o que você está sentindo e esperar até que esse turbilhão de sentimentos passe para que você volte a entrar em contato com seu eu interior.
Sua autoestima está baixa
Você confiaria em uma pessoa da qual você não gostasse? Então, não é difícil entender o porquê de você não estar com sua percepção intuitiva afiada enquanto sua autoestima está em baixa. Afinal, pode ser difícil ouvir e confiar em si mesmo quando você não se gosta. Aceitar e acreditar em si é a base de qualquer jornada ayurvédica ou espiritual, e também é o primeiro passo para começar a desenvolver sua intuição.
Fortalecendo nossa percepção intuitiva
Como já falei anteriormente, todos nós somos capazes de sentir essa força intuitiva que nos guia e nos orienta. Entretanto, é possível adotar algumas práticas para se conectar mais consigo mesmo e conseguir dar mais força a essa voz que todos temos dentro de nós. Uma aliada poderosa, como já disse, é a meditação. Isso porque ela limpa toda a “sujeira”, por assim dizer, da nossa mente, e nos dá mais clareza para perceber como estamos, como sentimos e nossas reações diante do mundo.
Entretanto, apenas ficar alguns minutos em silêncio, todos os dias, já ajuda bastante no quesito ouvir nossa voz interior. Afinal, a intuição não vai surgir “do nada”, como um animal selvagem rugindo e gritando para você. É preciso estar atento aos sinais que seu próprio corpo e mente enviam a você. Uma boa caminhada ao ar livre também é de grande valia. Isso porque nós somos seres parte da natureza, então caminhar entre árvores não deixa de ser uma forma de meditação e reconexão. Você se afasta dos barulhos e correria dos grandes centros urbanos e passa a ouvir com mais clareza o que está ao seu redor e dentro de você.
Praticar o autocuidado e estar atento às próprias emoções também é importante. Cuidar do seu corpo também é cuidar do seu espírito. Então não deixe de construir seu dia a dia, seu dinacharya, praticar exercícios, cuidar da higiene, da alimentação e emoções. Assim como tente sempre entender suas emoções. Saber o que você está sentindo e porque está sentindo aquilo vai desenvolver em você uma profunda conexão com seu Sentir e você vai perceber melhor como agir diante das diversas situações cotidianas e deixar de re-agir a elas.
Iniciar a jornada em busca de ouvir a sua intuição, seu sexto sentido, pode parecer assustador. Principalmente se você buscar uma lógica racional por trás de cada decisão tomada. Mas basta confiar pois tudo acontece da maneira que tem de acontecer para nossa evolução! Claro que podemos acabar escolhendo caminhos errados, afinal, nós somos seres humanos e estamos sujeitos a falhas. Podemos acabar ouvindo o ego em vez da intuição e confundir as emoções que sentimos, ou estarmos ocupados demais simplesmente para parar e ouvir nosso Eu superior. E está tudo bem! Tudo isso – inclusive os erros! – faz parte do maravilhoso processo que é aprender e amadurecer. É assim que construímos nossa experiência de vida, nossa sabedoria! Então, que tal baixar um pouquinho mais a voz da razão e dar ouvidos à sua intuição?
Que a nossa cura seja a cura do mundo!
Nos encontramos nos caminhos do Ayurveda!
Com amor,
Thais.